Leiamos o livro e quem sabe saberemos onde estaremos hoje se fossemos para o além túmulo. Usemos as informações para nos julgar. Caso hoje não seja nosso dia de irmos para o além, dá pra mudarmos a nossa  conduta e a sorte na vida futura.

Nós é que escolhemos não Deus. Será nossa consciência que definirá para onde iremos. Um choque para quem esperava um tribunal no além, cujo advogado de defesa é o culto a religião que participa.

É um choque para os espíritas que carregam atavismos religiosos que sugerem que apenas a participação na divulgação espírita, sem reformulação de atitudes, pensamentos e atos, o privilegia entrar nas esferas superiores.

O livro "Voltei", de Francisco Cândido Xavier, do espírito Irmão Jacob, relata a desencarnação de Frederico Figner, ex-dirigente da Federação Espírita Brasileira-FEB e a decepção de não se encontrar perispiritualmente igual aos companheiros que voltaram a pátria espiritual antes dele. Ele tinha o perispírito "apagado" enquanto os amigos emanavam uma luminosidade própria.

Quando Emmanuel cita que a maior caridade que podemos fazer a Doutrina Espírita é a sua divulgação, não resume a prática da caridade apenas para esse fim ou qualquer outra tarefa específica criada pelo Movimento Espírita.

Para isso, estudemos Allan Kardec, ao clarão da mensagem de Jesus Cristo, e, seja no exemplo ou na atitude, na ação ou na palavra, recordemos que o  Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação.

Livro ESTUDE E VIVA, Espíritos Emmanuel e André Luiz, psicografia dos Médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Editora FEB

É um equívoco acreditar que só divulgar vai nos salvar, pois não devemos fazer apenas a caridade para a Doutrina, entendendo que a sua divulgação é importante para um Mundo melhor no futuro.  Mas o entendimento da caridade tem de ser mais amplo. Também devemos estender o significado da caridade conforme Jesus nos ensinou. No O Livro dos Espíritos há uma pergunta, a 886,  e seu comentário, que aprofunda o significado da palavra caridade:

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886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?

“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

"O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça. Pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos." O Livro dos Espíritos - Allan Kardec.

E Allan Kardec vai fazer um comentário completando esta resposta:

"A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque da indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer. Apresente-se uma pessoa rica e todas as atenções e deferências lhe são dispensadas. Se for pobre, toda gente como que entende que não precisa preocupar-se com ela. No entanto, quanto mais lastimosa seja a sua posição, tanto maior cuidado devemos pôr em lhe não aumentarmos o infortúnio pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa."

O Livro dos Espíritos - Allan Kardec.

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Por isso o proselitismo não deve ser preocupação do Espírita e sim a renovação moral do homem, controlando as suas más tendências.

Se a nossa reforma íntima não se efetua e continuamos a divulgar o Espiritismo, estaremos certamente semeando luz nas consciências alheias, mas não conseguiremos gerar frutos em nós mesmos. Devemos desenvolver o sentimento do que acumulamos na memória com o conhecimento.  Assim alcançaremos a sabedoria, que é um nível superior ao conhecimento.

Certamente que o  trabalho de socorro material aos desafortunados é importante. Mas a Caridade abrange todas as relações com os nossos semelhantes. Inferiores a nós, iguais ou superiores.

As obras da caridade material somente alcançam a sua feição divina quando colimam a espiritualização do homem, renovando-lhe os valores íntimos, porque, reformada a criatura humana em Jesus-Cristo, teremos na Terra uma sociedade transformada, onde o lar genuinamente cristão será naturalmente o asilo de todos os que sofrem.

Livro O CONSOLADOR, pelo Espírito Emmanuel. Psicografia do Médium Francisco Cândido Xavier. Editora FEB

 

Para que o nosso Mundo se torne justo, preciso é que a mais lastimosa das posições sociais seja anulada.  Não se pode ser bom atendendo apenas aqueles que nos agrada ajudar. É preciso auxiliar a todos, olhando o mais desafortunado como seu igual em potencial e trabalhando com alegria por ele, para que se torne realidade essa igualdade.

Jesus sempre nos olhou com o olhar de quem via um anjo futuro, não como um inferior a Ele, e sim como um irmão, com as mesmas possibilidade e potencias para alcança-Lo.