Estudo Proposto
Zona de Sofrimento
Habitantes Estranhos
"Sentia-me, na verdade, amargurado duende nas grades escuras do horror. Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível senhoreando-me, muita vez gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o doloroso desânimo que me subjugava o espírito; mas, quando o silêncio implacável não me absorvia a voz estentórica, lamentos mais comovedores, que os meus, respondiam-me aos clamores."
Capítulo 1 - Nosso Lar - André Luiz
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Vamos continuar com a análise de mais um trecho do primeiro capítulo do livro NOSSO LAR, com mais uma descrição da fisiologia do corpo espiritual do André Luiz. Cabelos eriçados, coração aos saltos, gritos. Os órgãos espirituais estão em pleno funcionamento.
Também a certeza da sua individualidade. Ele não é parte do todo. Ele é uma individualidade com as emoções particulares da sua pessoa. Medo, loucura, desânimo, são provas de que suas emoções estão ativas. Ele pensa e sente, logo ele existe com a personalidade do "velho" André Luiz de quando encarnado.
Quando "morrermos", o corpo, as nossas percepções e emoções serão relativamente as mesmas de quando em vida. Dependerão do que cultivamos e alimentamos a nossa mente durante a vida material, que se unirá as experiências transatas que já vivemos no passado, mesmo que esquecidas.
O que pensamos? O que falamos? Como agimos?
Percebemos que o André Luiz não está sozinho naquela região. Havia outros em situação dolorosa como ele. Fazia parte de um grupo comum para aquele lugar, havia clamores por toda parte.
Outro quadro pertinente é o desânimo doloroso que ele reporta, típico de uma patologia depressiva. Falta de força, falta de vontade, amargurado, solitário, preso.
Voltando ao nosso quadro de encarnados, acreditamos na importância da alopatia no tratamento do corpo biológico, amenizando os efeitos das doenças da alma, para dar forças biológicas para o indivíduo buscar recursos para o restabelecimento mental e emocional. Não obstante o tratamento alopático, devemos concomitante tratar o espirito, para se obter melhores resultados, ou, poderemos nos encontrar após a morte do corpo com uma patologia mental, na qual não haverá os mesmos recursos medicamentoso que usamos entre nós encarnados. O corpo biológico é também um limitador dos recursos da alma, inclusive das doenças da alma, não obstante, exteriorizar no corpo biológico os efeitos da doença, para que busquemos a solução para o problema.
Entendemos como tratamento espiritual não apenas o passe, a água fluidificada a oração. Esses tratamentos que usamos nas instituições espiritistas são nobres e devem serem usados. Não devemos esquecer que continuam a serem tratamentos externos, que ao serem interrompidos voltarão todos os sintomas, caso a alma não obtenha recursos intelecto-morais para se manter lúcida diante da realidade. Aceitarmos a nossa própria realidade e as circunstâncias que ocorrem na nossa vida que não podemos controlar é um bom caminho inicial.
O Espírito Joanna de Ângelis na obra DIAS GLORIOSOS pelo médium Divaldo Franco, diferencia a cura da recuperação orgânica. A cura depende da mente que opera o veículo físico.
"O ser humano é, em decorrência, o resultado de tudo aquilo que elabora, cultiva e realiza. A cura real é uma operação profunda de transformação interior, que ocorre somente quando os fatores propiciadores da injunção danosa se modificam para melhor, dando lugar ao equilíbrio das suas variadas funções no campo da energia. Imprescindível se faz, nesse caso, que a mente processe todos os conteúdos emocionais e morais de maneira adequada, a fim de que a recuperação da saúde através da terapia utilizada venha a produzir a cura real... se não houver uma profunda alteração de comportamento interior - desejo sincero de sarar, cultivo íntimo de bem-estar, propósitos edificantes, renovação dos hábitos mentais - certamente a enfermidade reaparecerá ou se apresentará sob nova diagnose" Livro "DIAS GLORIOSOS"
"Experimentando o amor, autoestima e luta correspondente quando se possua discernimento lúcido". Completa o Espírito Joanna de Ângelis, alertando que quando encontrarmos a lucidez que as terapias venham a proporcionar, fortaleçamos o amor, autoestima e lutar contra nossos maus hábitos.
Tudo que se puder fazer de positivo ao indivíduo com doenças da alma será excelente contributo psicoterapêutico, que são indispensáveis para sua recuperação. Aceitar e enfrentar as vicissitudes, as doenças, os desafios existências, necessita de conhecimentos da realidade da vida espiritual e do espírito imortal.
Outra questão que podemos indagar é onde a piedade de Deus diante de tanta dor onde o Espírito André Luiz se encontra?
André Luiz clamava por piedade. Por que ela não veio se o "Pai" é Misericordioso e Bom?
A piedade de Deus se faz presente sim, como veremos adiante, não libertando sem justa causa, aqueles que querem permanecer na mesma situação de criminoso, monopolizando forças para enfraquecer quem deseja verdadeiramente ser feliz.
Vamos pensar um pouco, usando o nosso senso de justiça, que é instintivo e natural.
Perguntemo-nos: Haveria justiça se Deus perdoasse os nossos delitos e nos igualasse aos perfeitos apenas por que clamamos por Sua piedade?
Falei nas primeiras lições do estudo que a obra Nosso Lar só pode ser melhor compreendida se lermos outras obras que formam a coleção André Luiz.
O livro "Nosso Lar" foi o choque. As obras que se seguiram são o calmante para que Nosso Lar não se tornasse uma ficção. Ver a obra como uma ficção é uma fuga da verdade para continuarmos nos velhos hábitos que nos escravizam ao sofrimento.
O que esperávamos que nos fosse revelado sobre o além-túmulo?
Um paraíso?
Um oásis de paz?
Um Mundo onde o mal insiste em se fazer presente em nossas ações?
O que esperaríamos como consequência desse mal?
Um perdão absoluto de nossas faltas só porque choramos e lamentamos?
Só porque somos adeptos de uma crença que nos prometeu a salvação seremos perdoados e outros não?
Eu não me surpreendi com a situação de aparente abandono de André Luiz. Após ler as outras obras fui compreendendo como se dá a misericórdia de Deus. Ela se dá concomitante a Sua justiça. É equivocado o ponto de vista do Espírito André Luiz abandonado, pois ele nunca deixou de ser amparado pela sua mãe e outras entidades amigas movidas pela gratidão, que desvendaremos futuramente durante o estudo.
Vejamos a observação do Espírito Druso no livro Ação e Reação do Espírito André Luiz, psicografia do Médium Francisco Cândido Xavier, sobre o socorro aos aflitos nas zonas inferiores, sem que haja uma apreciação minuciosa das mentes dos infelizes, para a melhor providência na solução dos sofrimentos impostos a si mesmos pelas suas atitudes criminosas:
“Não é razoável que o devedor solucione com gritos e impropérios os compromissos que contraiu mobilizando a própria vontade.”
- Livro Ação e Reação -
Há sempre Espíritos socorrendo os desencarnados que realmente se encontram arrependidos de suas faltas, cansados da revolta, e que se voltam para a oração sincera possibilitando, caso haja merecimento, serem retirados dessas regiões inferiores.
Os falsos arrependidos são um perigo a ordem dos trabalhos superiores no bem comum, conforme o Espírito Druso relata no livro AER:
“Alojá-los, de imediato, nos santuários de socorro aqui estabelecidos, será o mesmo que asilar tigres desarvorados entre fiéis que oram num templo.”
- Livro "Ação e Reação" -
Por que antes dos nossos crimes não pensamos nas consequências dos nossos atos?
Normalmente pensamos. Mas nos deixamos levar pelo orgulho, egoísmo, impulsos não domados, escolhendo o crime, que muitas vezes ficam sem punição na esfera dos encarnados.
Não nos esqueçamos que Jesus nos ensina que a sementeira é livre mais a colheita é obrigatória e não colheremos mais do que semeamos. O que colheremos com os nosso crimes? Paz? Consciência tranquila? Isso pode ocorrer aos delinquentes das Leis Divinas? Jesus ensinou que não é possível:
“Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?”
- Evangelho de Mateus, Capítulo 7 : Versículo 16. -
Jesus pede para sermos justos para que um lugar justo após a morte possamos merecer. O grande galardão está nos Céus, disse Jesus. Há de haver um esforço na modificação de atitudes e pensamentos para o bem da nossa parte. Esforço verdadeiro não baseado em súplicas exteriores.
Aqui na esfera dos encarnados dá para fingir estar arrependido, no plano espiritual não é possível.
Os Espíritos superiores podem “ler” o perispírito identificando os Espíritos nas regiões inferiores que estão realmente arrependidos e aptos ao socorro. No mundo espiritual não se pode dissimular os seus pensamentos. Não há como ocultar as suas intenções maldosas.
Na questão 283 do O Livro dos Espíritos- Allan Kardec, temos a orientação:
283. Podem os Espíritos, reciprocamente, dissimular seus pensamentos? Podem ocultar-se uns dos outros?
“Não; para os Espíritos, tudo é patente, sobretudo para os perfeitos. Podem afastar-se uns dos outros, mas sempre se veem. Isto, porém, não constitui regra absoluta, porquanto certos Espíritos podem muito bem tornar-se invisíveis a outros Espíritos, se julgarem útil fazê-lo.”
O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
Não dá pra fingir melhora interior, pois exteriorizamos os nossos pensamentos, na nossa aura como espelho sensível em que todas as nossas ideias se evidenciam, conforme relata o próprio Espírito André Luiz no livro Evolução em Dois Mundos, quando explica a aura humana.
“Aí temos, nessa conjugação de forças físico-químicas e mentais, a aura humana, peculiar a cada indivíduo, interpenetrando-o, ao mesmo tempo que parece emergir dele, à maneira de campo ovoide, não obstante a feição irregular em que se configura, valendo por espelho sensível em que todos os estados da alma se estampam com sinais característicos e em que todas as ideias se evidenciam, plasmando telas vivas, quando perduram em vigor e semelhança como no cinematógrafo comum. Fotosfera psíquica, entretecida em elementos dinâmicos, atende à cromática variada, segundo a onda mental que emitimos, retratando-nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos respondem aos objetivos e escolhas enobrecedores ou deprimentes." - Livro "Evolução em dois Mundos"
Como vemos, cores e imagens aparecem como telas vivas em nossa aura. Que expressam nossas intenções. Os Espíritos superiores podem penetrar profundamente na nossa aura e interpretar os nossos planos de ação. Não dá pra fingir aos Espíritos superiores.
O verdadeiro arrependimento é interior, causa uma alteração no nosso perispírito, no Corpo Espiritual, visível aos olhos dos socorristas experientes que estão sempre visitando essas regiões infelizes em busca dos verdadeiros arrependidos.
Portanto, não há desamparo. Há sim responsabilidade, justiça e disciplina nas ações, para que haja ordem e eficácia nos tratamentos aos desequilibrados que queiram verdadeiramente a própria reabilitação.
Os espíritos infelizes nessas regiões estão ali por sua própria ânsia de gerar sofrimento ao próximo.
Lembrando o Espírito Druso no livro "Ação e Reação" sobre essas paragens espirituais de infelizes:
“O inferno, a rigor, pode ser, desse modo, definido como vasto campo de desequilíbrio, estabelecido pela maldade calculada, nascido da cegueira voluntária e da perversidade completa”
- Livro "Ação e Reação" -
São pessoas desequilibradas, não seguiram as assertivas de Jesus quando em vida e se reúnem para criarem essas regiões após a morte.
É a maldade e a perversão dos seus hábitos e pensamentos que os obrigam a se reunirem nessas zonas inferiores temporárias e purgatoriais para não atrapalharem as regiões de paz.
São cegos voluntários, por não identificarem em si mesmos que são delinquentes, que fizeram mal ao próximo e a si mesmo, criminosos das Leis Universais do AMOR, que ignoram. E muitos deles tem plena consciência do delito e se comprazem de fazer o mal ao próximo.
Não será justo implorar uma ação direta do Criador se a Providência Divina cai sobre nós de forma igualitária e permanente, na vida material e na vida espiritual, para que não mais tenhamos que passar pelo caminho do sofrimento e alcançar a felicidade.
Nós é que ignoramos muitas vezes essa Providência Divina antes de habitar temporariamente essas regiões infelizes.
Fechamos os olhos para o bem, abrimos para a maldade, para os vícios, a má alimentação, para os atos perturbadores, para a imobilidade, para os maus pensamentos, para as más palavras, etc.
Ninguém pode negar que todas as religiões cristãs professam que temos de fazer o bem. André Luiz foi orientado por uma religião cristã, mas de olhos e ouvidos fechados para a prática do Evangelho de Jesus. Tinha ele muito conhecimento da ética do Cristo e pouquíssima moral.
Evangelho é prática no bem! É nos esforçarmos para fazer ao outro o que gostaríamos que nos fizessem!
Um grande abraço, saúde e muita paz, a todos e a todas!