Estudo Proposto
"E a estranha viagem prosseguia... Com que fim? Quem o poderia dizer? Apenas sabia que fugia sempre... O medo me impelia de roldão. Onde o lar, a esposa, os filhos? Perdera toda a noção de rumo. O receio do ignoto e o pavor da treva absorviam-me todas as faculdades de raciocínio, logo que me desprendera dos últimos laços físicos, em pleno sepulcro! Atormentava-me a consciência: preferiria a ausência total da razão, o não-ser."
Nosso Lar. Capítulo 1: "Nas Zonas Inferiores"
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Zona de Perdidos em Fuga e o Medo do Desconhecido
Notamos que André está em movimento constante. Impelido pelo medo do desconhecido e da paisagem trevosa. A dúvida sobre o que mais iria encontrar naquela paragem e o medo da escuridão não lhe deixavam pensar com clareza. Esse fenômeno vem acontecendo desde que ele desencarnou em pleno sepulcro.
Observem que essa informação nos leva a suspeitar já aqui no primeiro capítulo, que André morreu pelas vias do suicídio, não desencarnara logo após a morte do corpo físico. Os seus últimos laços físicos se desprenderam na sepultura, comum entre os suicidas. Daí em diante começou a viagem que relata.
Desencarnar não é o mesmo que morrer. Morre somente o corpo físico e posteriormente o Espírito, com o seu corpo espiritual, se desprendem molécula a molécula do corpo biológico. Quando todos os laços que o prendem ao corpo forem desatados, então dizemos que o Espírito está Desencarnado. Isso não quer dizer que até que todos os laços sejam desfeitos o Espírito pode voltar à vida. Cessada a vida do corpo, mesmo o Espírito estando preso ao mesmo não é possível voltar à vida.
Geralmente Espíritos muito apegados ao corpo ou suicidas são levados junto com o corpo a sepultura. E sofrem a ação da decomposição, por ainda estarem ligados ao corpo, como feridas doloridas que não param de atormentar o Espírito, muita vez levando a distonia mental. O rompimento desse laço que liga o espírito ao corpo antes do sepulcro, por parte de Espíritos benfeitores não resolveria o problema, no caso de suicídio, ao contrário, lhe agravaria, podendo gerar um choque que levaria a ausência da consciência do Espírito por tempo indeterminado, sem nenhuma vantagem moral para ele. Esse choque parece provocar mais tempo para a recuperação do Espírito. Melhor a dor consciente, que educa, que a inanição que imobiliza o Espírito prejudicando o seu progresso.
Sem ter noção da gravidade da solicitação pedia a ausência da razão. O não ser. Que é impossível. É a maior decepção do suicida, a impossibilidade de morrer e ter que sofrer a consequência do seu ato. Conforme codificou no O Livro dos Espíritos o Allan Kardec, sobre o assunto:
957. Quais, em geral, com relação ao estado do Espírito, as consequências do suicídio?
“Muito diversas são as consequências do suicídio. Não há penas determinadas e, em todos os casos, correspondem sempre às causas que o produziram. Há, porém, uma consequência a que o suicida não pode escapar; é o desapontamento. Mas, a sorte não é a mesma para todos; depende das circunstâncias. Alguns expiam a falta imediatamente, outros em nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam.”
- O Livro dos Espíritos. Allan Kardec -
André Luiz expiava sua falta logo após a morte, desde o sepulcro. Mas não eternamente. O cansaço da revolta se transformará em alguns momentos em lágrimas sinceras. Como veremos no futuro do nosso estudo essa transformação do Espírito André Luiz.
Um grande abraço! Saúde e muita paz a todos e a todas!