Estudo Proposto

"Em verdade, não fora um criminoso, no meu próprio conceito. A filosofia do imediatismo, porém, absorvera-me. A existência terrestre, que a morte transformara, não fora assinalada de lances diferentes da craveira comum. Filho de pais talvez excessivamente generosos conquistara meus títulos universitários sem maior sacrifício, compartilhara os vícios da mocidade do meu tempo, organizara o lar, conseguira filhos, perseguira situações estáveis que garantissem a tranquilidade econômica do meu grupo familiar, mas, examinando atentamente a mim mesmo, algo me fazia experimentar a noção de tempo perdido, com a silenciosa acusação da consciência."

"Habitara a Terra, gozara-lhe os bens, colhera as bênçãos da vida, mas não lhe retribuíra ceitil do débito enorme. Tivera pais, cuja generosidade e sacrifícios por mim nunca avaliei; esposa e filhos que prendera, ferozmente, nas teias rijas do egoísmo destruidor. Possuíra um lar que fechei a todos os que palmilhavam o deserto da angústia. Deliciara-me com os júbilos da família, esquecido de estender essa bênção divina à imensa família humana, surdo a comezinhos deveres de fraternidade."

Nosso Lar. Capítulo 1: "Nas Zonas Inferiores"

 

 

 

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Essa descrição de vida do Médico André Luiz quando encarnado é o padrão ideal de vida de um homem bom para a visão dos encarnados aqui na Terra, não o suficiente para Deus. Para a esfera superior a vida na Terra do André Luiz  se trata de pequenos deveres que encobre as diversas faltas morais que ele cometeu em vida. Não há nenhum esforço da parte dele que lhe dê mérito segundo as afirmativas do Jesus, que já alertou toda a Humanidade:

     
 

 

“Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo?”

Mateus Cap 6.v.46-47

 

 
     

 

Bastante claro que Jesus ensinava que o verdadeiro amor não é restrito àqueles que nos agradam. Tem que se estender àqueles que nos odeiam também.

O bem estendido é a única forma de conquistarmos lugares melhores no além-túmulo, mesmo para quem não professa ou não crê nas manifestações Espíritas.  Conforme podemos ler na questão 982 do O Livro dos Espíritos com o acréscimo dos comentários do Allan Kardec:

982. Será necessário que professemos o Espiritismo e creiamos nas manifestações espíritas, para termos assegurada a nossa sorte na vida futura?
“Se assim fosse, seguir-se-ia que estariam deserdados todos os que não creem, ou que não tiveram ensejo de esclarecer-se, o que seria absurdo. Só o bem assegura a sorte futura. Ora, o bem é sempre o bem, qualquer que seja o caminho que a ele conduza.” (ver questões165-799)


A crença no Espiritismo ajuda o homem a se melhorar, firmando-lhe as ideias sobre certos pontos do futuro. Apressa o adiantamento dos indivíduos e das massas, porque faculta nos inteiremos do que seremos um dia. É um ponto de apoio, uma luz que nos guia.  O Espiritismo ensina o homem a suportar as provas com paciência e resignação; afasta-o  dos atos que possam retardar-lhe a felicidade, mas ninguém diz que, sem ele, não possa ela ser conseguida.

O Livro dos Espíritos - Allan Kardec

 

Não há dúvidas que os Espíritas tem uma obrigação maior de promover o bem - no limite das suas forças -  entre as criaturas que porventura precisam da sua benevolência, da sua indulgência, do seu perdão.

No livro Vozes do Grande Além, de Espíritos diversos, psicografia do Médium Francisco Cândido Xavier,  há um caso em que um Espírito sofredor após a morte dialoga com outro Espírito, em busca de socorro e atividades que possam melhorar sua situação. Esse Espírito sofria após o desencarne, perdido sem rumo.  Mesmo tendo participado de uma Instituição do Movimento Espírita, não havia dado exemplos no bem o suficiente para uma melhor sorte no plano espiritual.  Vamos expor um trecho da mensagem do livro quando este Espírito encontra um Espírito também desencarnado lhe oferecendo ajuda: 

"Surgiu-me à frente um irmão dos infortunados e, com muita bondade, reconduziu-me ao velho templo espírita a que antigamente me afeiçoara. Era noite avançada, mas o edifício estava repleto.

Um mensageiro do Plano Superior dirigia grande assembleia.

E o enfermeiro que, paciente, me encaminhara, esclareceu-me que ali se verificava o encontro de um benfeitor do Alto com os desencarnados que se caracterizavam por mais ampla sede de luz.

Esse Instrutor penetrava-nos a consciência, anotando o mérito ou o demérito de que éramos portadores para demandar a suspirada renovação de clima.

Muitos irmãos eram ouvidos pessoalmente.

Após duas horas de expectativa, chegou minha vez.

Pelo olhar daquele Espírito extremamente lúcido, deduzi que nenhum pensamento meu lhe seria ocultado.

Aqueles olhos varriam os mais fundos escaninhos do meu ser.

Anotei meu problema.

Desejava mudança.

Ansiava melhorar minha triste situação.

Perguntou-me o Instrutor qual havia sido o meu modo de vida.

Creio que ele não tinha necessidade de indagar coisa alguma, no entanto, a casa acolhia numerosos necessitados e, a meu ver, a lição administrada a qualquer de nós deveria servir a outrem.

Aleguei, preocupado, que havia protegido corretamente a família terrestre e que havia preservado a minha saúde com segurança.

Ele sorriu e respondeu que semelhantes misteres eram comuns aos próprios animais.

Pediu que, de minha parte, confessasse algum ato que pudesse enobrecer as minhas palavras, algo que lhe fosse apresentado como justificativa de auxilio às minhas pretensões de trabalho, melhoria e ascensão.

Relatei um único ato de bondade em vida que me recordei. Surpreendentemente a pessoa que beneficiei em vida estava no salão e me defendeu como testemunha.

Recebi o amparo e auxilio que precisava junto com a oportunidade de trabalho no plano espiritual.

Trecho do Livro Vozes do Grande Além

Na história do livro Vozes do Grande Além  o destino do Espírito foi bom, pois ele havia realizado uma caridade que lhe deu o direito ao socorro e ao trabalho.  Uma única caridade lhe deu o direito de iniciar sua redenção no plano espiritual. Infelizmente a sua vida também era semelhante a do Espírito André Luiz, levando-o a um período de sofrimento após o desencarne.

A cegueira do André Luiz começa na vida que escolheu experimentar quando encarnado. André não sabia que fora um delinquente das leis Divinas. Tinha referências evangélicas que o seu orgulho não lhe permitia buscar nada melhor que seu ponto de vista sobre a vida. "Se eu estou bem é porque Deus está me abençoando, me presenteando, estou no caminho certo" , falam muitos adeptos do Cristianismo.  Nem as leis humanas aceitam tal alegação.  "Se os outros estão maus é porque estão fazendo algo de errado ou está pagando os erros das gerações anteriores, e, Deus os está castigando", outra forma muito cômoda de viver a vida, difícil de ser aceita por quem está do lado do sofrimento. Onde está no Evangelho de Jesus tal filosofias?  Quantos pensam assim? Muitos preferem esta situação cômoda, que muitos Sistemas e Doutrinas propõem, pois é fácil de se viver. 

André Luiz também pensava e viveu acreditando que Deus dava privilégios a quem faz parte de um clero especial criado pelas criaturas. Tal crença não o ajudou muito após a morte, ao contrário, lhe levou a revolta por não encontrar a paz desejada e mais de 8 anos de sofrimento no Umbral.

Nossos bens perecíveis são empréstimos Divinos para ajudar na nossa iluminação, mas também é recurso para diminuir não só as nossas aflições como as dos menos favorecidos. 

É a humildade que Jesus tanto nos pediu que nos falta. Que faltava ao Médico André Luiz. 

Diz o Espírito Emmanuel no livro Pensamento e Vida cap 24, psicografia do Médium Francisco Cândido Xavier:

A carência de humildade, que, no fundo, é reconhecimento de nossa pequenez diante do Universo, surgem na alma humana doentios enquistamentos de sentimento, quais sejam o orgulho e a cobiça, o egoísmo e a vaidade, que se responsabilizam pela discórdia e pela delinquência em todas as direções.”

Trecho do Livro Pensamento e Vida cap 24.

"Enquistar" no texto se entenda como cistos de sentimentos doentios. André Luiz tinha falta de humildade e abriu espaço para cistos na alma como o orgulho, a cobiça, o egoísmo, a vaidade, que lhe fez cego e surdo a voz e imagem da sua própria consciência.

Acreditando que os bens recebidos eram legitimamente e exclusivamente dele, o Espírito Emmanuel complementa na mensagem:

Sem o reflexo da humildade, atributo de Deus no reino do “eu”, a criatura sente-se proprietária exclusiva dos bens que a cercam, despreocupada da sua condição real de espírito em trânsito nos carreiros evolutivos e, apropriando-se da existência em sentido particularista, converte a própria alma em cidadela de ilusão, dentro da qual se recusa ao contato com as realidades fundamentais da vida.”

(Pensamento e Vida cap 24)

Não somos donos de nada que a morte não permita levar para o além túmulo. Recebemos emprestados os talentos materiais de Deus, para multiplicarmos e não para enterrarmos egoisticamente. Só a humildade pode nos fazer enxergar essa verdade que Jesus nos legou. 

Vemos agora, todos nós, o testemunho do Médico André Luiz nas esferas inferiores. Que pérola maravilhosa para nós aqui na Terra! 

Viver no quadrado do exclusivismo, distante da humildade, que é atributo de Deus em nós, leva a muito sofrimento e dor, pelas doenças da alma que desenvolve. Define o Espírito Emmanuel:

"Humildade não é servidão. É, sobretudo, independência, liberdade interior que nasce das profundezas do espírito, apoiando-lhe a permanente renovação para o bem. ““Cultivá-la é avançar para a frente sem prender-se, é projetar o melhor de si mesmo sobre os caminhos do mundo, é olvidar todo o mal e recomeçar alegremente a tarefa do amor, cada dia. “

“Refletindo-a, do Céu para a Terra, em penhor de redenção e beleza, o Cristo de Deus nasceu na palha da Manjedoura e despediu-se dos homens pelos braços da Cruz.”

(Pensamento e Vida cap 24)

 

Que referências são as que André Luiz não buscou entender e aplicar em sua vida? A resposta é o Evangelho de Jesus que é para a vida eterna. É universal para toda a eternidade, não importa se estamos na Terra ou em Júpiter, no plano espiritual ou em qualquer lugar do Universo.

Teremos novas revelações além das que Jesus nos trouxe, mas, não as receberemos sem antes conquistarmos a meta proposta por Jesus.  Evoluindo, progredindo intelecto-moralmente.

André Luiz viveu com os padrões do Mundo, que Jesus sempre alertou que a paz do Mundo é passageira. Quem maior for nesse mundo será pequeno no reino dos céus. Mas aqueles que ajudarem esses pequeninos estarão salvos. Ajudando os que têm doenças, sede, fome, frio, sem agasalho, sem um teto e regenerando os criminosos. Atualmente há muito mais a se fazer para o bem da Humanidade.

Tudo que recebemos da vida deve se reverter em frutos de devolução para a própria vida. Frutos bons é claro.

André Luiz vai despertar para a razão em breve. Nós também vamos. Veremos no continuar do estudo do livro Nosso Lar.

Tenhamos bom ânimo. Vamos nos esforçar mais para não passarmos pelas dores que o Médico André  Luiz experimentou após o seu desencarne.

Um grande abraço. Saúde e muita paz a todos e a todas!

 

 

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Idealização e execução by Edson Roberto - Contato: estudo@estudonossolar.com.br

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